31/05/2011

REVISTA MUSEU COMEMORA 10 ANOS NA WEB

Lançada sua primeira versão em 2001, a Revista Museu completa este ano o seu décimo aniversário. Desde então, o site tem marcado presença ativa e contínua na Internet, adaptando-se às novas realidades tecnológicas, mas tendo sempre como meta a veracidade e a qualidade da informação. 

Vários momentos de interesse para a comunidade dos museus foram enfocados pelo site, inclusive eventos históricos para a atividade museológica, como o Lançamento da Política Nacional de Museus, no Museu Histórico Nacional (RJ), em maio de 2003. Disponibilizando, em fotografias e mini-vídeos, o relato de personalidades do meio museológico e cultural, o RM possibilitou aos internautas o acesso ao evento, de forma inédita para a época, uma espécie do que hoje seria uma cobertura praticamente em “tempo real”. O material está disponível até hoje no “Canal RM”. 

Ao longo da sua primeira década, o Revista Museu esteve presente em diversos estados para a realização de reportagens “in loco”, e contou com a contribuição de profissionais nacionais e estrangeiros que se dispuseram a divulgar a cultura através do seu site, que em 2005 recebeu Menção Regional do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. 

Na Edição Especial do Décimo Aniversário, dando continuidade à forte relação estabelecida com especialistas e profissionais da área, a revista publica em seu site um total de 17 artigos:  
“ABRACALDABRA” parabeniza a família Ojeda e a equipe da Revista Museu. Longa vida a essa tão importante iniciativa.  

29/05/2011

A MEMÓRIA PRECISA DOS MUSEUS? (2)

Subscrevo o alerta google para, entre outros temas, “museu”, “educação”, e “museu-educação”. (Abre parêntesis: Você recorre ao alerta google para os temas de seu interesse? Recomendo.)

Outro dia, entre os tópicos envolvidos pelo tema “museu”, lá estava uma notícia de um site de uma nação africana, sobre o reconhecimento da condição de museu para oito de seus edifícios dedicados à memória do país, que “atendiam aos critérios internacionais” e, portanto, faziam jus ao título. Outras duas casas não atendiam (ainda) aos tais critérios, mas esforços estavam sendo feitos para que alcançassem em breve a tão esperada condição.

Voltei à questão da minha postagem anterior: a memória precisa dos museus? A questão foi colocada de modo bastante abrangente. Não é lá uma pergunta das melhores. Alguém poderia questionar: de que memória você está falando? A que tipo de relação necessária você está se referindo? E, finalmente, sobre que museu estamos falando? 

A notícia acima mencionada, e outras que recebi, e às quais me refiro abaixo, trazem contribuições ao “miolo” de uma possível resposta, pois envolvem valores e emoções que podem orientar nossas perspectivas.
Não há dúvida de que, no contexto do país africano da notícia referida acima, a existência de oito museus representa valores sociais da maior importância para eles: havia um claro tom de orgulho por terem oito de suas instituições alcançado o sonhado “status” internacional. 

Aqui mesmo em nosso país, notícias semelhantes me chamaram a atenção:
1 – O Instituto de Pesquisa Afro Cultural Odé Gbomi, no município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, foi “elevado” à categoria de museu, pelo Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM. O acervo do Odé Gbomi é formado por 250 peças iorubas – o maior acervo desse tipo no estado, segundo o presidente Antônio Montenegro. “A Baixada possui o maior número de casas de matrizes africanas. Este museu é uma prova de gratidão a esta região e a Nova Iguaçu” – foram as palavras emocionadas do presidente do novo museu, Antônio Montenegro. Na ocasião em que foi elevado à categoria de museu, o Odé Gbomi recebeu também o “DNAfrica”, resultado de uma pesquisa contendo os nomes dos primeiros africanos que chegaram à Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga, região que originou Nova Iguaçu. A pesquisa foi realizada pelo professor e historiador Ney Alberto Gonçalves de Barros. [Interessados? Visitem o site www.institutodepesquisaafrodegbomi.com.br.]

3 – A Universidade de Taubaté (UNITAU), cidade localizada na região do Vale do Paraíba, inaugurou o primeiro Museu Didático do Corpo Humano, destinado à divulgação da ciência da anatomia do corpo humano. O museu objetiva desenvolver um programa para atender às escolas de ensino fundamental, médio e superior da região. [Interessados? Visitem o site http://www.planetauniversitario.com/index.php?option=com_content&view=article&id=22338:unitau-inaugura-na-regiao-o-primeiro-museu-didatico-do-corpo-humano&catid=27:notas-do-campus&Itemid=73.]

4 – Em Brasília, a professora Eva Waisros, pesquisadora da história da educação no DF, apresentou, através da Universidade de Brasília – UnB, o projeto do Museu da Educação de Brasília. Para abrigar o museu, a ideia é reconstruir a Escola Júlia Kubitschek, a primeira da nova capital, de acordo com o projeto original de Oscar Niemeyer. O terreno pretendido para abrigar o museu, na Candangolândia, é usado como lixão e campo de futebol.  
A notícia que li terminava assim: “De acordo com Zoroastro Quaresma, chefe de gabinete da Administração da Candangolândia, a escola Júlia Kubitschek faz parte da memória da cidade. Ele viu a escola original ser erguida e demolida. ‘Ela foi feita em 21 dias, com 80% da estrutura em madeira e 20% em alvenaria. Funcionou para 300 alunos até 1989, quando foi demolida porque estava em ruínas. Chorei muito nesse dia’, conta. ‘Essa escola foi a nossa paixão, linda. É um desejo da comunidade reconstruí-la. Temos um abaixo assinado com mais de três mil assinatura para isso’, afirmou”. (Interessados? Fonte: UnB Agência - http://novoportal.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=5122).

Pergunto: A quem esses museus estão (estarão) servindo, e a que memórias? Qual a importância que você atribui a essas ações? Os edifícios são necessários? Verbas para a manutenção desses museus são (ou deveriam ser) prioridades? 

Penso que a contextualização (particularização, como nas notícias acima) ajuda a aproximar o raciocínio de valores mais pessoais, e por isso mesmo mais significativos para cada um de nós. A partir daí podemos escolher quais aspectos e sentidos podem melhor orientar nossas decisões e escolhas sobre o que julgamos ser (ou não) prioritário.

A pergunta continua: a memória precisa dos museus?   

17/05/2011

A MEMÓRIA PRECISA DOS MUSEUS?

Segundo o Instituto Brasileiro de Museus - Ibram (autarquia do Ministério da Cultura responsável pelos museus federais), apenas 20% dos municípios brasileiros contam hoje com museus. Um dos objetivos do plano de diretrizes e metas do setor para os próximos dez anos [leia a íntegra do Plano Nacional Setorial de Museus], elaborado em 2010 por ocasião do 4ª Fórum Nacional de Museus, é a criação de cerca de 250 instituições do gênero.

A verba destinada aos museus no Orçamento do Governo Federal para 2011, entretanto, foi contingenciada. O contingenciamento é o resultado da necessidade de o Governo Federal diminuir gastos, conforme a opinião de economistas e analistas político-financeiros. A não tão facilmente obvia tomada de decisão do Governo sobre o que contingenciar – ou não – envolve crenças, valores e o consequente estabelecimento de prioridades: onde vamos deixar de gastar? Onde não podemos deixar de gastar?

Aceitando-se que a opção primeira do Governo seja de fato a eliminação da pobreza, e que os gastos prioritários serão aqueles que contemplem: (1) o atendimento às necessidades básicas da população – digamos educação; saúde e alimentação; moradia em condições de higiene e segurança; trabalho e locomoção e, por último, mas não menos importante, lazer; e (2) a criação de condições que promovam desenvolvimento econômico socialmente justo e ambientalmente sustentável;

Aceitando-se essas premissas, pergunto: a verba para a criação e sustentação de 250 novos museus deve ou não ser contingenciada? Qual é (ou seria) o ponto de vista e a perspectiva das comunidades que vão receber os museus? Há outras ações possíveis, a partir dos museus já existentes, que contemplem uma extensão do atendimento às populações que não dispõem de museus? É possível criar ações museológicas sem museus (quero dizer, a “casa-museu”), com menor ou nenhum gasto de dinheiro público, e ainda assim compor uma política de valorização cultural, patrimonial e de cidadania?

Qual a sua opinião sobre o assunto? Que perguntas e/ou reflexões você faz a respeito? Comente. Participe.

05/05/2011

ABRACALDABRA NO YOUTUBE

Cau Barata, aluno da Escola de Museologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UNIRIO, presente ao lançamento do Abracaldabra no dia 19, filmou tudo e disponibilizou através do Youtube: Escola de Museologia - UNIRIO - Aula Magna - 2011.
Tem mais. O Cau faz com diversas outras postagens no Youtube aquela viagem entre sentido e significado sobre a qual conversamos no lançamento: são 43 contribuições em filmes e fotos - uma viagem. Adorei e convido vocês a experimentarem.

01/05/2011

ECOMUSEU DA SERRA DE OURO PRETO - SEMANA NACIONAL DE MUSEUS 2011

Vista de Ouro Preto tirada do Mirante – anos 1950 – Coleção Particular.
O Programa de Implantação do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto/MG, ao reafirmar a importância das ideias de território (espaço vivido) como museu, e da apropriação das coleções enquanto patrimônio cultural de todos, traz para as comemorações da Semana Nacional de Museus 2011 algumas ações que permitem o entrelaçamento dos conceitos de memória, comunidade e identidade familiar.

Relacionadas ao tema da semana – Museu e Memória – serão apresentadas duas exposições no Espaço Cultural Cores, Flores e Sabores do Morro São Sebastião: Estandartes: símbolos da memória visual do bairro São Sebastião e O que nossos objetos contam. 
Na primeira, será exposta a documentação fotográfica do bairro nos anos 1950/60, sob a forma de estandartes confeccionados por artesãs da comunidade, a partir de fotos de coleções particulares das famílias locais. 
Os estandartes ou bandeiras surgiram com os povos egípcios, assírios, persas, gregos e romanos, empunhados pelos exércitos como símbolos de conquistas. O nome é originário da palavra persa band, que significa estandarte. Posteriormente, foram adotados pelas comunidades religiosas, confrarias e irmandades, e levados em procissões. Sua linguagem plástica foi apropriada pelas artesãs, que enfeitam as festas tradicionais e os eventos culturais. 

A segunda exposição mostra peças de uso doméstico que documentam, historicamente, o universo material dos núcleos familiares, valorizando suas singularidades, seu modo de vida, sua forma de ter e manter.

Relacionada à cultura viva, haverá ainda uma exposição de arte e artesanato destacando a produção atual do grupo de artesãs dos bairros que compõem a Serra de Ouro Preto, com vendas no local. 

A programação foi idealizada por Vanilda Claudia de Paula Alves, Ana Paula Costa Pereira e Ana Maria Mendes, em conjunto com a equipe do programa Ecomuseu da Serra de Ouro Preto, do Departamento de Museologia da UFOP. A abertura será no sábado, 21 de maio, 2011, às 15 horas.
Yara Mattos - Coordenadora do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto