Começa assim: “Pensem só nisso: 40 autorretratos filmados por crianças – com um máximo de um minuto cada – em que nenhuma delas pode mostrar o rosto diante da câmera, apenas juntar objetos ou lembranças que digam exatamente quem são”.
Renato Lemos está escrevendo sobre a Escola Livre de Cinema, em Nova Iguaçu, que oferece cursos para crianças e adolescentes da comunidade. Pergunto: a atividade não lhe traz à mente museu e educação, no que têm de mais instigante e radical, e em comum com a proposta da escola de cinema? Pois é, isso de se perceber, de se afirmar, de se situar no mundo, não como quem “representa a vida”, mas como quem usa o que aprende “para interferir nela” (a vida).
Esta última formulação, assim como foi reproduzida, é do idealizador da Escola Livre de Cinema, Marcus Vinicius Faustini, aquele mesmo que escreveu o “Guia afetivo da periferia”, e que em uma entrevista comentada na minha postagem de 20/12/2010, focou a memória como “uma categoria estética da periferia”.
Tem mais: Faustini recorre a um verso de Paulo Leminski para marcar a primeira lição que as crianças da escola devem levar para casa: “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”.
Nem conheço o Faustini, mas vou confessar uma coisa: estou virando fã de carteirinha.
O que você acha?
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