Saiu o número 94 do jornal QUARTEIRÃO, órgão de divulgação do Ecomuseu de Santa Cruz e das atividades comunitárias dos bairros de Santa Cruz e da zona Oeste do Rio de Janeiro.
Editado pelo NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, o número 94 do QUARTEIRÃO traz, entre outras matérias, notícias sobre a Semana de Santa Cruz e as II Jornadas Formação em Museologia Comunitária.
Você também poderá ler sobre a Nova Sepetiba: "existe, resiste e pede passagem para a vida digna". Na seção "Memórias Populares", desta vez com enfoque nos imigrantes italianos, um artigo sobre a família Piovesan.
Clique aqui e acesse - www.quarteirao.com.br . Vale a pena conhecer o trabalho da turma de Santa Cruz.
- A relação museu-educação em debate: memória, aprendizagem, patrimônio, mediação e apropriação.
09/11/2011
30/10/2011
ECOMUSEU DA SERRA DE OURO PRETO RECEBE VARINE
No período entre
19 e 24 de outubro de 2011, os bairros da Serra de Ouro Preto receberam a
terceira visita de Hugues de Varine-Bohan, em continuidade às consultorias
realizadas em 2008 e 2009, e ao Programa de Implantação do Ecomuseu da Serra de
Ouro Preto/PROEX/DEMUL.
Especialista em patrimônio, museu e
desenvolvimento, Hugues de Varine formou-se pela Universidade de
Paris/Sorbonne, possuindo diploma de Estudos Superiores em História e Arqueologia.
Ocupou o cargo de Diretor Adjunto (1962/64) e
posteriormente, Diretor (1964/74) do Conselho Internacional de Museus – ICOM,
órgão filiado à UNESCO. Desde a década de 1970, Varine presta consultoria
museológica em diversos países, tais como França, Portugal, Itália,
Canadá, Índia, Reino Unido e Brasil.
A recente visita
ao Brasil é parte do PROJETO ABREMC/ CIRCUITO ECOMUSEOLÓGICO 2011 DE
CONSULTORIA, abrangendo também o Ecomuseu de Santa Cruz, Rio de Janeiro; o
Ecomuseu da Amazônia, Belém, e, as II Jornadas de Museologia Comunitária, no
Museu Comunitário 13 de Maio, em
Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Hospitalidade e paladar mineiros para receber Hugues de Varine |
Com uma agenda
bastante intensa a cumprir, Varine ficou hospedado na casa de uma família
integrante da equipe comunitária do Núcleo São Sebastião, onde foi muito bem
recebido, tendo a oportunidade de compartilhar com os moradores o cotidiano do
bairro: café com prosa, andanças, reconhecimento das paisagens natural e
cultural, contatos com os saberes e fazeres locais, base para o registro das múltiplas
dimensões relacionadas ao plano estratégico de implantação do Ecomuseu de Ouro
Preto.
Reunião com bolsistas do Ecomuseu |
Além disso,
foram realizados alguns encontros com as equipes dos projetos de extensão da
UFOP que integram o Programa Ecomuseu, para uma reflexão a respeito dos métodos
e ações propostos, bem como reuniões de trabalho com membros
das comunidades e representantes das Associações de Moradores dos Núcleos São
Sebastião, Queimada e Santana.
Representantes das Associações de Moradores falam ao Grupo de Trabalho |
Foi celebrada também importante parceria com outro projeto
extensionista, denominado “Minas e Trilhas da Serra de Ouro Preto”, orientado
pelo prof. Frederico Sobreira, pelo engenheiro Eduardo Evangelista Ferreira e
pelo historiador André Castanheira Maia. Este projeto objetiva envolver as
populações locais em ações educativas e de informação sobre os processos
históricos e técnicos da mineração de ouro, no século XVIII, em Ouro Preto e Mariana,
cujos testemunhos são percebidos através das ruínas arqueológicas existentes no
território em questão.
Prof. Bruno Bedim apresenta resultado parcial do I Inventário Participativo |
Ainda durante a visita, o prof. Bruno Bedim apresentou o resultado
parcial do processamento de dados obtidos através do I Inventário Participativo.
A amostragem, composta por 401 questionários aplicados a famílias residentes
nos quatro bairros atendidos pelo programa, irá fornecer subsídios a futuras
ações, permitindo traçar metas de curto, médio e longo prazos.
Outro destaque
foi a apresentação, pela profª Gabriela de Lima Gomes, do Projeto VERdeFOTO, que
deverá ter início entre os meses de novembro e dezembro do corrente ano. Com o
objetivo de sensibilizar as comunidades para o sentido e função dos acervos
fotográficos, apurando o olhar
de reconhecimento dos lugares e a valorização do meio ambiente, o projeto irá
também treinar e qualificar os jovens das comunidades para a atuar na
preservação de acervos fotográficos.
Yara Mattos
Yara Mattos
Coordenadora do Programa Ecomuseu da Serra de Ouro Preto,MG
Para conhecer mais sobre o trabalho de Hughes de Varine, acesse www.world-interactions.eu
Para conhecer mais sobre o trabalho de Hughes de Varine, acesse www.world-interactions.eu
12/10/2011
PERSONAGENS DE OURO PRETO
O Centro de Cultura Afro abriu exposição de acervo contando
a história de três grandes personagens de Ouro Preto: Sinhá Olympia, João Pé de
Rodo e Bené da Flauta.
A exposição é organizada pela primeira turma de
Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto e conta com o patrocínio da
própria universidade, da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade, e de empresas locais, como: Pedreira Oratórios, Corretora
Grupo Forte, Supermercado Pedrosa, e Alerta Segurança Eletrônica.
O Centro de Cultura Afro localiza-se na rua Padre
Faria, número 14, no bairro Alto da Cruz em Ouro Preto. A entrada é franca e a visitação
será de terça a sábado das 12h às 18h e aos domingos das 8h às 13h.
A exposição promoverá ação educativa com escolas da
comunidade, e o seminário “Novos Olhares”, que acontecerá nos dias 11 de
Novembro às 19h e 12 de Novembro às 14h, no Salão Nobre da Escola de Farmácia –
Rua Costa Sena, nº 171, Centro – Ouro Preto/MG.
A exposição poderá ser vista até 20 de novembro.
Mais informações pelo e-mail: expomul082@gmail.com
06/10/2011
II JORNADA DE FORMAÇÃO EM MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
A ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus
Comunitários, o Museu Comunitário Treze
de Maio de Santa Maria-RS, com o apoio da Prefeitura Municipal de Santa Maria, e a UMCO – Unión de Museos Comunitários de Oaxaca, do Ecomuseu de Itaipu - Foz do Iguaçu –
PR estarão realizando de 30 de outubro a 03 de novembro próximo a segunda
de suas jornadas em Formação em
Museologia Comunitária, a se realizar em Santa Maria, RS.
O
tema das jornadas, este ano, é POVOS
AFRODESCENDENTES E INICIATIVAS MUSEOLÓGICAS COMUNITÁRIAS DO NOVO MILÊNIO, tendo como subtema: Metodologia de trabalho nos ecomuseus, museus
comunitários e espaços de origem africana e afro-brasileira - aspectos comuns e
aspectos singulares.
A iniciativa acontecerá no Museu Comunitário Treze de Maio – Rua
Silva Jardim, 1407 Bairro Rosário - Santa Maria, no Rio Grande do Sul – Fone:
(55) 3226 6082 – museutrezedemaiosm.nucom@gmail.com
, estando previstos deslocamentos para oficinas itinerantes e reconhecimento de
outros espaços e percursos.
O valor da inscrição é de R$ 25,00 (vinte e cinco
reais), podendo ser efetuado no primeiro dia do evento, quando da entrega do
material.
26/09/2011
O PASSADO NO PRESENTE
O Programa
de Educação Patrimonial coordenado por Angela
Sperb e Patrícia Hansen, do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de
Picada Café, no Rio Grande do Sul, continua a nos proporcionar excelentes
exemplos de como escola, museu e comunidade podem integrar-se para criar ações
que valorizam a memória coletiva de um povo na formação de sua identidade
cidadã.
O Museu
de Rua, programa que teve início em 2004, com amplo envolvimento de
escolas, professores, alunos e comunidade, chegou este mês de setembro à sua
décima-primeira edição.
Nas dez edições anteriores, as temáticas,
definidas junto com os professores das duas escolas municipais locais, foram:
Histórias de Família; Histórias de Escolas; Máquinas e Ferramentas Agrícolas;
Festas em Picada Café; Profissões; Jogos e Brinquedos Infantis; Cada Casa, uma
história; Higiene e Alimentação; Fé e Religiosidade; e, Cantos e Recantos de
Picada Café.
“Caçadores
de Tesouros”, a temática da XI edição, foi bastante
aberta, resultando em várias exposições temporárias, em diferentes pontos da
cidade.
Vejam abaixo alguns exemplos, que podem
servir de ponto de partida e/ou estímulo para inúmeras outras atividades de
cooperação museu-escola.
FOTOS
DE FAMÍLIA – a profa. Andréa Schneider e os alunos
de Educação Infantil da Escola Santa Joana escolheram a família como seu maior
tesouro. Vasculharam “guardados” familiares e montaram uma interessante
exposição de fotos, que ocupou a Agência dos Correios local.
OBJETOS
DE ESCOLA – Que objetos faziam parte do cotidiano
escolar dos alunos de antigamente? O segundo ano da Escola Santa Joana, com as
profas. Daniela Khun e Ana Débora Kintschner, recolheram “tesouros” da escola
do passado, quando lousas faziam a vez de cadernos; sacolas de pano ocupavam o
lugar das mochilas, etc. Ouviram ainda os relatos de avós e pessoas de idade
sobre como eram as escolas que eles, quando crianças e jovens, frequentaram.
Local: Recepção Sugarshoes.
LIVROS
INFANTIS – O que liam nossos avós e pais?, alunos do
3º. ano da Escola Santa Joana se perguntaram, e saíram, com a profa.Vivian Metz,
à procura de respostas. Resultado: inúmeros livros expostos na cafeteria do
Museu do Açougue, em baú especialmente construído para a ocasião pelo pai do
aluno Eric.
MOEDAS – Os alunos do 5º. ano, com a profa. Rejane Holz Ternus, fizeram o levantamento
e catalogação de moedas e cédulas brasileiras, e descobriram a história e as
mudanças pelas quais passou a moeda brasileira. Local: Cooperativa SICREDI.
LEMBRANÇAS
DE FORMATURA – Uma caçada aos convites, camisetas,
fotos de formatura do ensino fundamental, pelos alunos da 8ª. série da Escola
Santa Joana, que preparam também a sua própria formatura. – O que mudou? Trajes,
costumes, hábitos, etc. O que observaram e concluiram foi exposto na Escola 25
de Julho.
CAIXINHAS
DE MÚSICA – alunos do 5º. ano da Escola 25 de Julho,
coordenados pela profa. Daniela Flores de Lima, levantaram os tesouros
afetivos, emocionais e musicais contidos nas caixinhas de música. Local: Banco
do Brasil.
OBJETOS
DE FAMÍLIA – alunos do 6º. ano da Escola 25 de Julho,
integraram português (profa. Sandra W. de Oliveira), história (profa. Sandra de
Luz), e educação artística (profa. Deise Schefflel). Através da “caça” a
objetos de família, criaram sua própria relação com a ideia de patrimônio, com respeito
às diferenças, e expuseram suas conclusões em textos descritivos ou narrativos,
e em desenhos dos objetos. Local: Escola Santa Joana.
LIVROS
AUTOGRAFADOS – livros autografados por escritores
que já participaram da Feira de Livros de Picada Café; ao todo, 243 exemplares.
Alunos de 6ª. a 8ª. séries da Escola Santa Joana. Profas. Deise Wolf Roese e
Márcia Hoffmann Rollof. Local: Supermercado Piá.
MEMÓRIAS
DA 2ª. GUERRA –. Alunos da 8ª. série da Escola
Santa Joana, com a professora de história, Sandra da Luz, recuperaram
narrativas sobre a 2ª. Grande Guerra, parte da memória oral de pessoas da
comunidade. O objetivo foi levar à percepção de que a história, como memória
coletiva, ultrapassa o entendimento e as explicações de livros e documentos
oficiais. Local: Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados e
Vestuário de Picada Café.
CAÇADORES
DE MEMÓRIAS – Alunos do 6º. ano da Escola Santa
Joana, coordenados pela profa. Sandra de Oliveira, lembraram fatos importantes em
suas próprias vidas e nas vidas de pessoas relevantes para eles, produzindo, a
partir daí, textos em que expressam suas ideias, emoções e pensamentos. Local:
Escola Santa Joana.
Nós aqui somos fãs de carteirinha desse
significativo trabalho desenvolvido por Patrícia Hensen (que coordenou este XI
Museu de Rua) e Angela Sperb.
20/09/2011
PRIMAVERA DOS MUSEUS EM OURO PRETO
O Ecomuseu da Serra de Ouro Preto - Núcleo Morro São Sebastião está participando da 5a. Primavera de Museus, que este ano tem como tema Mulheres, Museus e Memória.
A programação, desenvolvida pela equipe do Núcleo, está muito diversificada e interessante. Leiam abaixo e, quem tiver a sorte de estar por lá, participe.
A programação, desenvolvida pela equipe do Núcleo, está muito diversificada e interessante. Leiam abaixo e, quem tiver a sorte de estar por lá, participe.
21 e 22 de
setembro – 4ª e 5ª feiras – 13h às 16h
OFICINA E EXPOSIÇÃO
- Bolsas: aplique e bordado
com Tião Costa e Ana
Paula
Espaço Cultural
Cores, Flores e Sabores
Público alvo:
comunidades do Ecomuseu
Inscrição:
R$10,00
Vagas: 15
23 de setembro
– 6ª feira
EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS
- 16h22
As Andorinhas e o São João
Homenagem à
chegada da Primavera
Antônio Laia
Bar São João
(Bar do Baú) Morro São João
24 de setembro
a 8 de outubro
EXPOSIÇÃO: Desenhar ainda é desenhar - 11h às 19h
Trabalhos
feitos pelos alunos do IFMG/OP
Disciplina de
Arte – professores Haroldo Paiva e Frederico Lamounier
Espaço Cultural
Cores, Flores e Sabores
24 de setembro
– sábado
Eleição da logomarca do Ecomuseu
15h às 23h - Núcleo
São Sebastião
Organização:
Tião Costa
Espaço Cultural
Cores, Flores e Sabores
Espaço Cultural
Cores, Flores e Sabores
Desfile com Arte
Organização de
Vanilda, Ana, Aninha e Bárbara
Homenagem coletiva às mulheres
Haroldo Paiva
25 de setembro
– domingo
Distribuição de sementes de Ipê, Pau-brasil e mudas de
plantas variadas.
Bar e Espaço
Cultural Cores, Flores e Sabores
A partir das
14h
Música ao Vivo com o
grupo Vira –Saia
(Couvert artístico.)
EXPOSIÇÃO DE ARTESANATO – CULTURA VIVA
EXPOSIÇÃO DE PLANTAS KALANCHOE
–
de
origem africana, é conhecida como flor
da fortuna
Participação
geral - Equipe do Programa Ecomuseu da
Serra de OP – Museologia/Ufop
11/09/2011
RETORNO
Bem, férias, viagens e outros afazeres nos afastaram do blog por tempo considerável. Aos poucos, vamos retornando.
Aguardem por notícias da viagem que Yára fez pela Europa. Ao lado de amigas de ecomuseus nacionais e de Hugh de Varine, Yára visitou ecomuseus europeus e trocou ideias com seus coordenadores e comunidades. Voltou encantada, entusiasmada e com muitas ideias na cabeça.
Duas notícias recentes:
O bairro carioca de Santa Cruz está completando 444 anos. No Centro Cultural que abriga o Ecomuseu de Santa Cruz e o NOPH, haverá um Sarau Cultural em que poetas, artistas, músicos, atores, professores e alunos do bairro irão se apresentar. Aguardamos detalhes para convidá-los a prestigiar o evento.
Eráclito Pereira também enviou e-mail para nós sobre a mobilização em defesa do patrimônio cultural da cidade de Santo Ângelo. É que, na surdina, durante a noite, foi derrubado um prédio histórico da cidade, que não tem legislação que proteja a memória e o patrimônio local.
Diz o texto de carta enviada aos vereadores locais:
Aguardem por notícias da viagem que Yára fez pela Europa. Ao lado de amigas de ecomuseus nacionais e de Hugh de Varine, Yára visitou ecomuseus europeus e trocou ideias com seus coordenadores e comunidades. Voltou encantada, entusiasmada e com muitas ideias na cabeça.
Duas notícias recentes:
O bairro carioca de Santa Cruz está completando 444 anos. No Centro Cultural que abriga o Ecomuseu de Santa Cruz e o NOPH, haverá um Sarau Cultural em que poetas, artistas, músicos, atores, professores e alunos do bairro irão se apresentar. Aguardamos detalhes para convidá-los a prestigiar o evento.
Eráclito Pereira também enviou e-mail para nós sobre a mobilização em defesa do patrimônio cultural da cidade de Santo Ângelo. É que, na surdina, durante a noite, foi derrubado um prédio histórico da cidade, que não tem legislação que proteja a memória e o patrimônio local.
Diz o texto de carta enviada aos vereadores locais:
"... tomamos conhecimento de que alguns prédios históricos de nossa cidade e que contam grande parte de nossa caminhada desde o período jesuítico, estão por serem vendidos, demolidos, sem o menor critério, em nome de interesses particulares que são postos acima do bem social e coletivo. Como aconteceu no último final de semana com o sobrado contruído em 1924, localizado na esquina das ruas Florêncio de Abreu e Antônio Manoel. [...] Enquanto a administração municipal tenta reconstruir o passado das reduções através da revitalização da praça Pinheiro Machado e das escavações arqueológicas, vemos prédios históricos serem demolidos, uma enorme contradição. [...] Indignados com o que vem ocorrendo no município em relação à falta de proteção aos nossos bens histórico-culturais materiais, manifestamos através desta carta aberta nossa exigência pela aprovação da lei de proteção patrimonial!"
Concordamos, apoiamos e assinamos.
07/07/2011
ECOMUSEU DE OURO PRETO - DEPOIMENTO DE QUEM FAZ
Tenho estado longe do computador e do blog (férias curtindo neta). Mas recebi e posto a notícia abaixo, enviada por Sebastião Costa, que está entre os que fazem acontecer as ações do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto. Obrigada, Sebastião. O espaço virtual deste blog aguarda e conta com a sua colaboração.
"Atividades relacionadas ao Ecomuseu da Serra de Ouro Preto acontecem, tomam vida no núcleo Morro São Sebastião. A coordenadora Yara Mattos, com o apoio de parceiros daquela comunidade promoveram, em maio de 2011, na 9ª Semana Nacional de Museus, uma exposição - "Coleções de Moradores de Ouro Preto/Estandartes: símbolos da memória visual do bairro São Sebastião/O que nossos objetos contam/Cultura Viva" - no dia 21, seguida de uma Roda de Lembranças no dia 27, no espaço cultural do Bar e Restaurante Cores, Flores e Sabores, no referido bairro.
Tais atividades contaram com a participação e a presença significativas dos moradores. Nesses dias ouviu-se comentários, declarações e debates sobre a história do bairro; lembranças se afloraram resgatando à memória os primórdios e fatos ocorridos da/na comunidade.
Cabe ressaltar que, nesse interim, alunos da Escola Municipal São Sebastião, acompanhados pelas professoras, visitaram o espaço cultural, observaram as fotografias e os objetos pertencentes aos moradores do bairro.
Esse acontecimento configura-se o marco inicial de um projeto importante à concepção de Ecomuseu, quando então valoriza a preservação e perpetuação da memória."
Sebastião Costa
07/06/2011
NÓS AMAMOS SANTA CRUZ
Odalice Priosti, do Ecomuseu de Santa Cruz, nos mandou uma mensagem, que começa citando o nosso "Abracaldabra".
Porque vai ao passado e ao futuro, mas só se manifesta no presente, a memória
é a abertura mágica – abracaldabra- para quem faz a hora: a sua hora e a sua vez. (MATTOS, Yára e Ione. Abracaldabra- uma aventura afetivo-cognitiva na relação museu- educação. Ouro Preto, UFOP: 2010.)
é a abertura mágica – abracaldabra- para quem faz a hora: a sua hora e a sua vez. (MATTOS, Yára e Ione. Abracaldabra- uma aventura afetivo-cognitiva na relação museu- educação. Ouro Preto, UFOP: 2010.)
Diz Odalice: "Ousamos mais ainda: não só fazemos essa hora e vez no presente, mas ousamos contagiar toda a comunidade museal com a alegria de poder ser e poder fazer essa memória por nós mesmos, libertando-nos de qualquer amarra e exercitando a autonomia no dia-a- dia dessa construção. Não por acaso a nossa exposição para a 9a SEMANA DE MUSEUS/2011 se chamou ABRACADABRA : Jogos , brincadeiras e diversões, e veio com o apoio e a parceria do Museu do Pontal. Seguem algumas fotos para postarem, se julgarem oportuno."
Achamos mais do que oportuno, Odalice. Nós testemunhamos a beleza do trabalho que vocês e a comunidade vêm realizando. Além do mais, nós amamos Santa Cruz.
Exposição Abracadabra - Museu do Pontal |
Atividade Eduacional com Seu Chico - Museu do Pontal |
Seu Chico e os alunos da Escola Municipal Prefeito João Carlos Vital no Museu do Pontal |
02/06/2011
SANTA CRUZ FEITA COM AS MÃOS
Em nove maquetes, a artesã Janaína de Lima Botelho reconstruiu a história e a memória arquitetônica do bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
Quando estivemos por lá, Yara e eu, por ocasião do lançamento do livro, vimos algumas dessas maquetes, e admiramos a precisão e detalhe do trabalho, resultado da pesquisa dessa artista do bairro. E noticiamos aqui no blog.
Agora a exposição "Rastros de História e de Memória: Santa Cruz Feita com as Mãos" já pode ser apreciada por todos que visitem o Centro Cultural Municipal Doutor Antônio Nicolau Jorge, lá onde também funciona o Ecomuseu de Santa Cruz e o Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica (NOPH).
Leiam notícia no site d'O Globo Bairros.
Quando estivemos por lá, Yara e eu, por ocasião do lançamento do livro, vimos algumas dessas maquetes, e admiramos a precisão e detalhe do trabalho, resultado da pesquisa dessa artista do bairro. E noticiamos aqui no blog.
Agora a exposição "Rastros de História e de Memória: Santa Cruz Feita com as Mãos" já pode ser apreciada por todos que visitem o Centro Cultural Municipal Doutor Antônio Nicolau Jorge, lá onde também funciona o Ecomuseu de Santa Cruz e o Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica (NOPH).
Leiam notícia no site d'O Globo Bairros.
É MUSEU OU NÃO É?
A título de provocação, a Yara lança uma pergunta sobre a postagem "A Memória Precisa de Museus?(2)". Com problemas no computador, ela me pediu para postar a pergunta:
As memórias e os museus precisam ser oficializados por "órgãos competentes", ou são frutos das comunidades e por elas reconhecidos?
O que vocês pensam sobre o assunto?
As memórias e os museus precisam ser oficializados por "órgãos competentes", ou são frutos das comunidades e por elas reconhecidos?
O que vocês pensam sobre o assunto?
31/05/2011
REVISTA MUSEU COMEMORA 10 ANOS NA WEB
Lançada sua primeira versão em 2001, a Revista Museu completa este ano o seu décimo aniversário. Desde então, o site tem marcado presença ativa e contínua na Internet, adaptando-se às novas realidades tecnológicas, mas tendo sempre como meta a veracidade e a qualidade da informação.
Vários momentos de interesse para a comunidade dos museus foram enfocados pelo site, inclusive eventos históricos para a atividade museológica, como o Lançamento da Política Nacional de Museus, no Museu Histórico Nacional (RJ), em maio de 2003. Disponibilizando, em fotografias e mini-vídeos, o relato de personalidades do meio museológico e cultural, o RM possibilitou aos internautas o acesso ao evento, de forma inédita para a época, uma espécie do que hoje seria uma cobertura praticamente em “tempo real”. O material está disponível até hoje no “Canal RM”.
Ao longo da sua primeira década, o Revista Museu esteve presente em diversos estados para a realização de reportagens “in loco”, e contou com a contribuição de profissionais nacionais e estrangeiros que se dispuseram a divulgar a cultura através do seu site, que em 2005 recebeu Menção Regional do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade.
Na Edição Especial do Décimo Aniversário, dando continuidade à forte relação estabelecida com especialistas e profissionais da área, a revista publica em seu site um total de 17 artigos:
- Ana Maria da Costa Leitão Vieira - Os Memoriais são um novo gênero de museu?
- Museóloga Ana Silvia Bloise - Museus e memória - A preservação do conhecimento produzido nos museus
- Museólogo Andre Andion Angulo - Museu e memória - minhas relações mnemônicas pessoais e familiares dentro de um museu
- Prefeito Ângelo Oswaldo de Araújo Santos - Ouro Preto, cidade e museu
- Profª Drª Cátia Rodrigues Barbosa e Profª Drª Renata Abrantes Baracho - Museus:Patrimônio Virtual
- Profª Elizabeth Salgado de Souza - Memória: objetos, sujeitos e histórias
- Arquiteto e Prof. Dr. Ivo Porto de Menezes - Museus de Arte Sacra
- Procuradores Federais Jamerson Vieira e Eduardo Loureiro Lemos - Museus e Memória. O Direito à Preservação e Conservação do Patrimônio Cultural. Os Museus como Instrumento da Justiça de Transição.
- Arquiteto Luiz Antônio Bolcato Custódio – Museus, Memórias & Sonhos
- Museóloga Maria Ignez Mantovani Franco - Memória: latência e manifestação
- Museóloga e Prof. Drª Marília Xavier Cury - O Dia Internacional de Museus, os Museus, os Desafios da Musealização
- Conservador português Nuno Lobo Moreira - Tempos de arte, espaços de identificação - Breve ensaio em torno da construção de memórias
- Sociólogo Paulo César de Campos Morais - Museus, Memória e Benefícios Sociais
- Prof. Dr. Pedro Paulo Funari - Arqueologia da Escravidão e Museus
- Escritor e Prof. Rui Mourão - Três Inconfidentes enfim repousam
- Historiadora Simone Flores Monteiro – Museus do Futuro
- Museóloga e Profª Drª Yara Mattos - Memória, comunidade, identidade
“ABRACALDABRA” parabeniza a família Ojeda e a equipe da Revista Museu. Longa vida a essa tão importante iniciativa.
29/05/2011
A MEMÓRIA PRECISA DOS MUSEUS? (2)
Subscrevo o alerta google para, entre outros temas, “museu”, “educação”, e “museu-educação”. (Abre parêntesis: Você recorre ao alerta google para os temas de seu interesse? Recomendo.)
Outro dia, entre os tópicos envolvidos pelo tema “museu”, lá estava uma notícia de um site de uma nação africana, sobre o reconhecimento da condição de museu para oito de seus edifícios dedicados à memória do país, que “atendiam aos critérios internacionais” e, portanto, faziam jus ao título. Outras duas casas não atendiam (ainda) aos tais critérios, mas esforços estavam sendo feitos para que alcançassem em breve a tão esperada condição.
Voltei à questão da minha postagem anterior: a memória precisa dos museus? A questão foi colocada de modo bastante abrangente. Não é lá uma pergunta das melhores. Alguém poderia questionar: de que memória você está falando? A que tipo de relação necessária você está se referindo? E, finalmente, sobre que museu estamos falando?
A notícia acima mencionada, e outras que recebi, e às quais me refiro abaixo, trazem contribuições ao “miolo” de uma possível resposta, pois envolvem valores e emoções que podem orientar nossas perspectivas.
Não há dúvida de que, no contexto do país africano da notícia referida acima, a existência de oito museus representa valores sociais da maior importância para eles: havia um claro tom de orgulho por terem oito de suas instituições alcançado o sonhado “status” internacional.
Aqui mesmo em nosso país, notícias semelhantes me chamaram a atenção:
1 – O Instituto de Pesquisa Afro Cultural Odé Gbomi, no município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, foi “elevado” à categoria de museu, pelo Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM. O acervo do Odé Gbomi é formado por 250 peças iorubas – o maior acervo desse tipo no estado, segundo o presidente Antônio Montenegro. “A Baixada possui o maior número de casas de matrizes africanas. Este museu é uma prova de gratidão a esta região e a Nova Iguaçu” – foram as palavras emocionadas do presidente do novo museu, Antônio Montenegro. Na ocasião em que foi elevado à categoria de museu, o Odé Gbomi recebeu também o “DNAfrica”, resultado de uma pesquisa contendo os nomes dos primeiros africanos que chegaram à Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga, região que originou Nova Iguaçu. A pesquisa foi realizada pelo professor e historiador Ney Alberto Gonçalves de Barros. [Interessados? Visitem o site www.institutodepesquisaafrodegbomi.com.br.]
3 – A Universidade de Taubaté (UNITAU), cidade localizada na região do Vale do Paraíba, inaugurou o primeiro Museu Didático do Corpo Humano, destinado à divulgação da ciência da anatomia do corpo humano. O museu objetiva desenvolver um programa para atender às escolas de ensino fundamental, médio e superior da região. [Interessados? Visitem o site http://www.planetauniversitario.com/index.php?option=com_content&view=article&id=22338:unitau-inaugura-na-regiao-o-primeiro-museu-didatico-do-corpo-humano&catid=27:notas-do-campus&Itemid=73.]
4 – Em Brasília, a professora Eva Waisros, pesquisadora da história da educação no DF, apresentou, através da Universidade de Brasília – UnB, o projeto do Museu da Educação de Brasília. Para abrigar o museu, a ideia é reconstruir a Escola Júlia Kubitschek, a primeira da nova capital, de acordo com o projeto original de Oscar Niemeyer. O terreno pretendido para abrigar o museu, na Candangolândia, é usado como lixão e campo de futebol.
A notícia que li terminava assim: “De acordo com Zoroastro Quaresma, chefe de gabinete da Administração da Candangolândia, a escola Júlia Kubitschek faz parte da memória da cidade. Ele viu a escola original ser erguida e demolida. ‘Ela foi feita em 21 dias, com 80% da estrutura em madeira e 20% em alvenaria. Funcionou para 300 alunos até 1989, quando foi demolida porque estava em ruínas. Chorei muito nesse dia’, conta. ‘Essa escola foi a nossa paixão, linda. É um desejo da comunidade reconstruí-la. Temos um abaixo assinado com mais de três mil assinatura para isso’, afirmou”. (Interessados? Fonte: UnB Agência - http://novoportal.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=5122).
Pergunto: A quem esses museus estão (estarão) servindo, e a que memórias? Qual a importância que você atribui a essas ações? Os edifícios são necessários? Verbas para a manutenção desses museus são (ou deveriam ser) prioridades?
Penso que a contextualização (particularização, como nas notícias acima) ajuda a aproximar o raciocínio de valores mais pessoais, e por isso mesmo mais significativos para cada um de nós. A partir daí podemos escolher quais aspectos e sentidos podem melhor orientar nossas decisões e escolhas sobre o que julgamos ser (ou não) prioritário.
A pergunta continua: a memória precisa dos museus?
17/05/2011
A MEMÓRIA PRECISA DOS MUSEUS?
Segundo o Instituto Brasileiro de Museus - Ibram (autarquia do Ministério da Cultura responsável pelos museus federais), apenas 20% dos municípios brasileiros contam hoje com museus. Um dos objetivos do plano de diretrizes e metas do setor para os próximos dez anos [leia a íntegra do Plano Nacional Setorial de Museus], elaborado em 2010 por ocasião do 4ª Fórum Nacional de Museus, é a criação de cerca de 250 instituições do gênero.
A verba destinada aos museus no Orçamento do Governo Federal para 2011, entretanto, foi contingenciada. O contingenciamento é o resultado da necessidade de o Governo Federal diminuir gastos, conforme a opinião de economistas e analistas político-financeiros. A não tão facilmente obvia tomada de decisão do Governo sobre o que contingenciar – ou não – envolve crenças, valores e o consequente estabelecimento de prioridades: onde vamos deixar de gastar? Onde não podemos deixar de gastar?
Aceitando-se que a opção primeira do Governo seja de fato a eliminação da pobreza, e que os gastos prioritários serão aqueles que contemplem: (1) o atendimento às necessidades básicas da população – digamos educação; saúde e alimentação; moradia em condições de higiene e segurança; trabalho e locomoção e, por último, mas não menos importante, lazer; e (2) a criação de condições que promovam desenvolvimento econômico socialmente justo e ambientalmente sustentável;
Aceitando-se essas premissas, pergunto: a verba para a criação e sustentação de 250 novos museus deve ou não ser contingenciada? Qual é (ou seria) o ponto de vista e a perspectiva das comunidades que vão receber os museus? Há outras ações possíveis, a partir dos museus já existentes, que contemplem uma extensão do atendimento às populações que não dispõem de museus? É possível criar ações museológicas sem museus (quero dizer, a “casa-museu”), com menor ou nenhum gasto de dinheiro público, e ainda assim compor uma política de valorização cultural, patrimonial e de cidadania?
Qual a sua opinião sobre o assunto? Que perguntas e/ou reflexões você faz a respeito? Comente. Participe.
Qual a sua opinião sobre o assunto? Que perguntas e/ou reflexões você faz a respeito? Comente. Participe.
05/05/2011
ABRACALDABRA NO YOUTUBE
Cau Barata, aluno da Escola de Museologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UNIRIO, presente ao lançamento do Abracaldabra no dia 19, filmou tudo e disponibilizou através do Youtube: Escola de Museologia - UNIRIO - Aula Magna - 2011.
Tem mais. O Cau faz com diversas outras postagens no Youtube aquela viagem entre sentido e significado sobre a qual conversamos no lançamento: são 43 contribuições em filmes e fotos - uma viagem. Adorei e convido vocês a experimentarem.
Tem mais. O Cau faz com diversas outras postagens no Youtube aquela viagem entre sentido e significado sobre a qual conversamos no lançamento: são 43 contribuições em filmes e fotos - uma viagem. Adorei e convido vocês a experimentarem.
01/05/2011
ECOMUSEU DA SERRA DE OURO PRETO - SEMANA NACIONAL DE MUSEUS 2011
Vista de Ouro Preto tirada do Mirante – anos 1950 – Coleção Particular. |
Relacionadas ao tema da semana – Museu e Memória – serão apresentadas duas exposições no Espaço Cultural Cores, Flores e Sabores do Morro São Sebastião: Estandartes: símbolos da memória visual do bairro São Sebastião e O que nossos objetos contam.
Na primeira, será exposta a documentação fotográfica do bairro nos anos 1950/60, sob a forma de estandartes confeccionados por artesãs da comunidade, a partir de fotos de coleções particulares das famílias locais.
Os estandartes ou bandeiras surgiram com os povos egípcios, assírios, persas, gregos e romanos, empunhados pelos exércitos como símbolos de conquistas. O nome é originário da palavra persa band, que significa estandarte. Posteriormente, foram adotados pelas comunidades religiosas, confrarias e irmandades, e levados em procissões. Sua linguagem plástica foi apropriada pelas artesãs, que enfeitam as festas tradicionais e os eventos culturais.
A segunda exposição mostra peças de uso doméstico que documentam, historicamente, o universo material dos núcleos familiares, valorizando suas singularidades, seu modo de vida, sua forma de ter e manter.
Relacionada à cultura viva, haverá ainda uma exposição de arte e artesanato destacando a produção atual do grupo de artesãs dos bairros que compõem a Serra de Ouro Preto, com vendas no local.
A programação foi idealizada por Vanilda Claudia de Paula Alves, Ana Paula Costa Pereira e Ana Maria Mendes, em conjunto com a equipe do programa Ecomuseu da Serra de Ouro Preto, do Departamento de Museologia da UFOP. A abertura será no sábado, 21 de maio, 2011, às 15 horas.
A programação foi idealizada por Vanilda Claudia de Paula Alves, Ana Paula Costa Pereira e Ana Maria Mendes, em conjunto com a equipe do programa Ecomuseu da Serra de Ouro Preto, do Departamento de Museologia da UFOP. A abertura será no sábado, 21 de maio, 2011, às 15 horas.
Yara Mattos - Coordenadora do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto
29/04/2011
UMA CRIANÇA QUE GOSTA DE MUSEUS
Atenção para a sugestão, professores e museólogos: conheçam o blog da Sophia.
Eu já falei na Sophia em postagem anterior. Pois bem. A mais recente postagem no blog "Imersão no Canadá", que a Sophia criou para comentar suas observações sobre o país onde está morando com os pais, traz uma ideia, na prática em sua sala de aula canadense, que também está descrita - com variantes - em nosso livro Abracaldabra, como uma possibilidade de despertar sentidos e significados em jovens visitantes de museus.
Eu já falei na Sophia em postagem anterior. Pois bem. A mais recente postagem no blog "Imersão no Canadá", que a Sophia criou para comentar suas observações sobre o país onde está morando com os pais, traz uma ideia, na prática em sua sala de aula canadense, que também está descrita - com variantes - em nosso livro Abracaldabra, como uma possibilidade de despertar sentidos e significados em jovens visitantes de museus.
A Sophia explica assim: "Hoje, na aula de Estudos Sociais, fizemos uma atividade de arqueologia. A professora deu fotos de artefatos egípcios para cada grupo e nós tínhamos que descobrir: para fazer o quê cada objeto servia, quem o usava, em qual parte da casa ele ficava e como funcionava. Atrás de cada foto tinha o tamanho, a data e uma pista sobre o objeto".
O blog da Sophiaé uma fonte de inspiração para qualquer professor e/ou museólogo que esteja procurando formas de dar sentido e significado às memórias históricas, culturais, sociais: objeto de suas disciplinas e/ou exposições.
O texto acima é parte da postagem intitulada "Brincando de Arqueólogo" (que inclui também um comentário sobre um museu canadense). Mas eu recomendo que vcs leiam as postagens da Sophia em geral. Se não der, leiam pelo menos a postagem "Buddies" ("Na minha escola tem uma coisa chamada buddies (amigos), uma aula que temos a cada 2 semanas. É quando nós (crianças do quinto e sexto ano) vamos na sala das crianças do primeiro e segundo anos"). "Buddies" termina assim: "Eu e o meu parceiro sabemos que o nosso buddie é muito quieto e tem dificuldade de se expressar, por isso conversamos muito com ele e estimulamos ele a fazer as atividades - diferente de algumas garotas que pintam o desenho para o buddie e nem o motivam a fazer o caça palavras. Eu e o meu parceiro estamos ajudando o nosso buddie a interagir mais com os outros. Acho a ideia de buddies muito legal, já que é uma aula para aprender a ter paciência, ser colaborativo e a cuidar de alguém, como se fosse em família - é como ter uma aula sobre como criar os filhos".
O blog da Sophiaé uma fonte de inspiração para qualquer professor e/ou museólogo que esteja procurando formas de dar sentido e significado às memórias históricas, culturais, sociais: objeto de suas disciplinas e/ou exposições.
O texto acima é parte da postagem intitulada "Brincando de Arqueólogo" (que inclui também um comentário sobre um museu canadense). Mas eu recomendo que vcs leiam as postagens da Sophia em geral. Se não der, leiam pelo menos a postagem "Buddies" ("Na minha escola tem uma coisa chamada buddies (amigos), uma aula que temos a cada 2 semanas. É quando nós (crianças do quinto e sexto ano) vamos na sala das crianças do primeiro e segundo anos"). "Buddies" termina assim: "Eu e o meu parceiro sabemos que o nosso buddie é muito quieto e tem dificuldade de se expressar, por isso conversamos muito com ele e estimulamos ele a fazer as atividades - diferente de algumas garotas que pintam o desenho para o buddie e nem o motivam a fazer o caça palavras. Eu e o meu parceiro estamos ajudando o nosso buddie a interagir mais com os outros. Acho a ideia de buddies muito legal, já que é uma aula para aprender a ter paciência, ser colaborativo e a cuidar de alguém, como se fosse em família - é como ter uma aula sobre como criar os filhos".
Depois de ler o pedaço de texto acima, tenho certeza de que vocês clicarão aqui e irão direto ao "Imersão no Canadá".
28/04/2011
O NOVO SIGNIFICADO DE SANTA CRUZ
Sentido tem. Posso compreender exatamente a natureza da reportagem (O Globo, caderno Razão Social no. 116, 19 de abril 2011, pp. 4-7) que fala sobre os riscos do crescimento, focando os problemas de saúde que vêm afetando a comunidade após o início das operações da CSA - Companhia Siderúrgica do Atlântico.
Faz perfeito sentido, mas o significado ficou muito mais forte, próximo e afetivo, quando li que a principal área atingida fica em Santa Cruz, bairro do Rio de Janeiro que nos recebeu, à Yára e a mim, no dia 20 passado, para o lançamento do "Abracaldabra" (Leia Mais).
Ao funcionar, a CSA despeja 15 substâncias no ar e cinco na água e, ano passado, por duas vezes lançou fuligem no ar, prejudicando diretamente as condições ambientais em conjuntos habitacionais próximos à usina. Médicos e hospitais da região foram ouvidos e disseram que aumentaram os casos de pessoas com queixas respiratórias, irritabilidade, coceiras, diarréia e conjuntivite.
A notícia dava conta das providências que estão sendo tomadas a respeito - espera-se que com resultados eficientes. Mas o que marcou minha leitura foi o indiscutível fato de que Santa Cruz ganhou para mim uma significação maior desde que lá estive.
Agora, Santa Cruz não é apenas um lugar no mapa: Santa Cruz tem rostos, gestos, corações e personas que me dizem mais de perto. Tem história, memória que começa a se incorporar às minhas percepções e ao meu conhecimento (ver também as maquetes contadoras da história do bairro). Por isso a notícia mexeu não só com minha razão, mas com a minha emoção: sentido e significado.
É deste elo de memória, que não depende do contato físico, da presença ou da proximidade, mas sim da força das identificações, que falamos no Abracaldabra, quando dizemos que um conteúdo, para adquirir valor de lembrança memorável, precisa engajar a emoção com a qual atribuímos relevância e estabelecemos relações de significação que separam o "esquecível" do inolvidável.
Faz perfeito sentido, mas o significado ficou muito mais forte, próximo e afetivo, quando li que a principal área atingida fica em Santa Cruz, bairro do Rio de Janeiro que nos recebeu, à Yára e a mim, no dia 20 passado, para o lançamento do "Abracaldabra" (Leia Mais).
Ao funcionar, a CSA despeja 15 substâncias no ar e cinco na água e, ano passado, por duas vezes lançou fuligem no ar, prejudicando diretamente as condições ambientais em conjuntos habitacionais próximos à usina. Médicos e hospitais da região foram ouvidos e disseram que aumentaram os casos de pessoas com queixas respiratórias, irritabilidade, coceiras, diarréia e conjuntivite.
A notícia dava conta das providências que estão sendo tomadas a respeito - espera-se que com resultados eficientes. Mas o que marcou minha leitura foi o indiscutível fato de que Santa Cruz ganhou para mim uma significação maior desde que lá estive.
Agora, Santa Cruz não é apenas um lugar no mapa: Santa Cruz tem rostos, gestos, corações e personas que me dizem mais de perto. Tem história, memória que começa a se incorporar às minhas percepções e ao meu conhecimento (ver também as maquetes contadoras da história do bairro). Por isso a notícia mexeu não só com minha razão, mas com a minha emoção: sentido e significado.
É deste elo de memória, que não depende do contato físico, da presença ou da proximidade, mas sim da força das identificações, que falamos no Abracaldabra, quando dizemos que um conteúdo, para adquirir valor de lembrança memorável, precisa engajar a emoção com a qual atribuímos relevância e estabelecemos relações de significação que separam o "esquecível" do inolvidável.
15/04/2011
MUSEU DO VINHO MÁRIO DE PELLEGRIN
Minha irmã Yára me enviou o link do Museu do Vinho Mário de Pellegrin, de Videira, SC. Veio com a afirmação de que eu ficaria interessada. Como não gosto de e não me interesso por bebida alguma, salvo água, suco e refrigerante (é a Yára que adora uns queijos e vinhos), achei que ela, naquele momento, equivocara-se feio. Entretanto, para não desgostar a irmã-amiga, resolvi fazer uma rápida visita, antes de agregar o endereço aos nossos links, como a Yára pedira.
Pois bem. O trabalho do museu, intencionalmente o de “divulgar e apoiar eventos de cunho histórico e cultural na região de Videira, Santa Catarina”, mostra uma dimensão de ampla interação com a comunidade.
Além do vinho – e eles promovem um Curso de Análise Sensorial de Vinhos e Espumantes que, se não chega a me apetecer pela bebida, abre-me visões tonteantes – dizia eu, além do vinho, há inúmeras interatividades de dar água na boca.
Chamou-me a atenção o Projeto Coreto em Movimento. O tal coreto fica na praça defronte ao prédio do museu. É já o museu fazendo parte, integrando-se à geografia, humana e espacial, da cidade. Em torno do coreto já aconteceram: a tarde dos velhos (eles chamam de “melhor idade”, mas já cheguei lá e não acho que seja a melhor); exposição de carros antigos – isso me atrai um bocado; um evento de ritmos brasileiros – baticum em corações e ouvidos; e um dia de brincadeiras populares – incluindo bola de gude, pião, bambolê (gente, eu era muito boa de bambolê, passava da cintura para o pescoço, pros braços, ombros, pernas, agora o danado não fica nem na cintura!), e mais: pipa, peteca, amarelinha, bilboquê. Não falaram em brincadeira de roda, mas deve ter tido.
A nota de destaque é a de que a dinâmica de maior aproximação com a comunidade tem-se mostrado, como era de se esperar, muito consequente: um incremento médio de 90 para 500 visitantes por mês comprova o acerto, numericamente.
Fiquei com muita vontade de ir até esse museu, movimentar-me com o coreto, apreciar as videiras, ver as exposições que promovem, conhecer a cidade e a comunidade, da qual nunca antes tinha ouvido falar. Quando eu for, ainda não vou beber do vinho, mas vou me divertir como se bebesse.
02/04/2011
MUSEU, EDUCAÇÃO, RAZÃO, IMAGINAÇÃO, EMOÇÃO
Encontrei no blog Repensando Museus [que tem postagens ótimas para provocar (re)pensamentos] uma citação do Niemeyer: “a razão é inimiga da imaginação”. Será?
Tenho sérias dúvidas sobre essa dicotomia, a propósito da qual me faço muitas perguntas. Por exemplo: Einstein logicava ou imaginava? O que estava ele fazendo quando imaginou o que aconteceria se alguém pudesse viajar montado num raio de luz?
E nós, quando imaginamos, não raciocinamos? Quando fantasiamos, não refletimos? Quando concebemos, não ponderamos? E quando raciocinamos, refletimos, concebemos, não estamos imaginando?
Essa separação entre imaginar e logicar (usar a razão fazendo uso da lógica) também já teve o seu momento no meu pensar. Hoje mudei de opinião.
Mudei de opinião quando, despertado meu interesse pela neurociência, fui descobrindo a enorme imaginação dos cientistas – é fascinante a lógica imaginativa com que formulam hipóteses e buscam explicações. Quase ao mesmo tempo, despertada minha imaginação para coisas como planetas, astros e universos, fui descobrindo o fantástico imaginário da construção de hipóteses lógico-matemáticas que intentam explicar o universo e o mundo. Todos reconhecemos sem dificuldade a imaginação no artista; pois é igualmente apaixonante descobrir os delírios imaginativos dos cientistas.
O que tem isso a ver com museus? Bem, a Maria Isabel, do Repensando Museus, usou a citação do Niemeyer para declarar que museus devem instigar a imaginação, sobretudo das crianças. Concordo, porque os espaços museológicos de todos os tipos têm tudo para instigar: a imaginação e, simultânea e inevitavelmente, a razão. Ali, nesses espaços, abertos ou fechados, o encontro de memórias – passadas, presentes, futuras – ativa a mais humana das nossas capacidades mentais, a de pensar-se e, ao fazê-lo, libera “o organismo de repertórios e reações fixas, permitindo a representação mental de alternativas, imaginação, liberdade”, como explica o neurocientista Oliver Sacks (prefácio de “O Cérebro Executivo”, de E. Goldberg, RJ: Imago Ed., 2002).
O que vocês pensam? Imaginação e razão caminham juntas? Ou são “inimigas”, como algum dia afirmou Niemeyer? Esse debate cabe no tema “museus”?
Escrevi um comentário à postagem de Maria Isabel. Leia mais.
31/03/2011
MUSEU CASA GUIMARÃES ROSA - 37 ANOS
O museu Casa Guimarães Rosa, vinculado à Superintendência de Museus e Artes Visuais da Secretaria de Estado de Cultura de MInas Gerais, completou 30 anos dia 30 de março. O trabalho desse museu segue uma postura de atendimento prioritário à comunidade de Cordisburgo e cidades vizinhas, e funciona como centro de referência da vida e obra de Guimarães Rosa, e como núcleo de informações, estudos, pesquisa e lazer.
Para celebrar o aniversário do museu, aconteceram duas oficinas: uma, com o Grupo de Contadores de Estórias Miguilim, formado por jovens, uma graça de trabalho, segundo testemunho de Yára. Fundado em 1995, o grupo tem o propósito de divulgar a obra de Rosa e, ao mesmo tempo, enriquecer a visita ao museu com narrações de trechos da obra do escritor.
A segunda oficina, “Trajetórias de Guimarães Rosa”, dirigida aos alunos do quinto ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Mestre Candinho, em Cordisburgo., aconteceu na própria escola, com os alunos construindo um painel cronológico a partir de leituras de documentos das trajetórias do autor.
Museu virtual
Conheça o Museu Casa Guimarães Rosa pela internet: www.eravirtual.org. É possível ainda, por meio do mesmo site, visitar outros museus mineiros e brasileiros.
De Minas Gerais, podem ser visitados: o Museu do Oratório e o Museu Casa Guignard, em Ouro Preto; e a Casa Fiat de Cultura e o Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. Em breve, estarão disponíveis visitas ao Museu de Ciências Naturais da PUC Minas e Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte.
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